Por Fernando Buzi
Edifício Abreu, Santos e Rocha. Pancho Guedes. Foto: Emídio Josine.
Era esperado, era devido... e finalmente aconteceu. Era já desde 7 de Novembro, data em que –com profundo pesar—se tomou conhecimento do seu desaparecimento físico, que a comunidade de Arquitectos (Moçambicanos e estrangeiros exercendo no País) se perguntava se teria lugar uma homenagem ao Arquitecto Pancho Guedes e ao seu legado. É que o nome de Amancio D’Alpoím Miranda Guedes, ou simplesmente Pancho Guedes, é incontornável no panorama artístico e arquitectónico Moçambicano.
Pancho (1925-2015), Arquitecto e artista reconhecido internacionalmente, foi responsável –dentre outros-- por grande parte do património arquitectónico moderno de referência em Moçambique herdado do período colonial.
Nasceu em Portugal, mas ainda na sua infância (com 7 anos) chegou a Moçambique. Cresceu, viveu e trabalhou aqui durante a primeira metade da sua vida (até à independência), onde deixou cerca de metade do que se diz serem mais de 700 obras projectadas.
O Leão que Ri (1957), um bloco habitacional localizado no cruzamento das avenidas Salvador Allende e Kwame Nkrumah, e o edifício de apartamentos Prometheus (1951), no cruzamento da avenida Julius Nyerere com a avenida Mao Tsé Tung, ambos em Maputo, são apenas dois exemplos do seu génio criativo. E são, também, uma clara manifestação do que ele bebeu das culturas Moçambicana e Africana, e de como estas o influenciaram.
Era esperado, devido... e enfim aconteceu. Encontraram-se, no auditório da Faculdade de Arquitectura e Planeamento Físico da Universidade Eduardo Mondlane (FAPF UEM), em Maputo, cerca de 60 pessoas (podiam ser mais!), dentre Arquitectos, profissionais de áreas afins e público em geral, encabeçados por um painel que incluíu o Escritor Luís Bernardo Honwana (quem escreveu muito sobre Pancho e o seu trabalho), o Arquitecto Luís Lage (Director da FAPF UEM), a Dra. Alda Costa (Directora de Cultura da Universidade Eduardo Mondlane em Maputo e autora de importantes artigos sobre a arte de Pancho Guedes) e o Arquitecto Jaime Comiche, em representação da Comissão Instaladora da Ordem dos Arquitectos de Moçambique –organizadora do evento.
Pancho (1925-2015), Arquitecto e artista reconhecido internacionalmente, foi responsável –dentre outros-- por grande parte do património arquitectónico moderno de referência em Moçambique herdado do período colonial.
Nasceu em Portugal, mas ainda na sua infância (com 7 anos) chegou a Moçambique. Cresceu, viveu e trabalhou aqui durante a primeira metade da sua vida (até à independência), onde deixou cerca de metade do que se diz serem mais de 700 obras projectadas.
O Leão que Ri (1957), um bloco habitacional localizado no cruzamento das avenidas Salvador Allende e Kwame Nkrumah, e o edifício de apartamentos Prometheus (1951), no cruzamento da avenida Julius Nyerere com a avenida Mao Tsé Tung, ambos em Maputo, são apenas dois exemplos do seu génio criativo. E são, também, uma clara manifestação do que ele bebeu das culturas Moçambicana e Africana, e de como estas o influenciaram.
Era esperado, devido... e enfim aconteceu. Encontraram-se, no auditório da Faculdade de Arquitectura e Planeamento Físico da Universidade Eduardo Mondlane (FAPF UEM), em Maputo, cerca de 60 pessoas (podiam ser mais!), dentre Arquitectos, profissionais de áreas afins e público em geral, encabeçados por um painel que incluíu o Escritor Luís Bernardo Honwana (quem escreveu muito sobre Pancho e o seu trabalho), o Arquitecto Luís Lage (Director da FAPF UEM), a Dra. Alda Costa (Directora de Cultura da Universidade Eduardo Mondlane em Maputo e autora de importantes artigos sobre a arte de Pancho Guedes) e o Arquitecto Jaime Comiche, em representação da Comissão Instaladora da Ordem dos Arquitectos de Moçambique –organizadora do evento.
Da esquerda: Arq. J. Comiche, Dra. A. Costa, Escritor L. B. Honwana e Arq. L. Lage. Foto: F. Buzi.
Falou-se da pessoa de Pancho Guedes e de como ele se interessava pelo Moçambique real, para além do perímetro urbano colonial (a “área branca”). Falou-se da forma activa como ele lutou contra a segregação racial em Moçambique e na África do Sul, e se falou ainda do seu interesse pelas várias formas de arte e de como estas influenciaram o seu trabalho.
Recordou-se a sua relação com Malangatana e outras figuras importantes do universo artístico e cultural de Moçambique, e se partilhou uma mensagem do Arquitecto José Forjaz, quem não pôde estar presente mas que não quis deixar de enaltecer a contribuição que teve Pancho na sua própria formação como Arquitecto.
O debate que teve lugar a seguir à intervenção inicial do painel trouxe à tona a questão da valorização do património edificado, e questionou a responsabilidade que os detentores de conhecimento sobre a vida e obra de Pancho Guedes (Arquitectos, estudiosos de Arte, aqueles que o conheceram pessoalmente, etc) têm na sensiblização da sociedade civil e de quem de direito para que se respeite e se preserve a obra de Pancho e que se reconheça e valorize o seu legado.
Recordou-se a sua relação com Malangatana e outras figuras importantes do universo artístico e cultural de Moçambique, e se partilhou uma mensagem do Arquitecto José Forjaz, quem não pôde estar presente mas que não quis deixar de enaltecer a contribuição que teve Pancho na sua própria formação como Arquitecto.
O debate que teve lugar a seguir à intervenção inicial do painel trouxe à tona a questão da valorização do património edificado, e questionou a responsabilidade que os detentores de conhecimento sobre a vida e obra de Pancho Guedes (Arquitectos, estudiosos de Arte, aqueles que o conheceram pessoalmente, etc) têm na sensiblização da sociedade civil e de quem de direito para que se respeite e se preserve a obra de Pancho e que se reconheça e valorize o seu legado.
Encontro no auditório da FAPF UEM. Foto: F: Buzi
Discutiu-se-se, também, o ambiente de paz e amizade entre Pancho e Moçambique, e de como ele pode ser reclamado como Moçambicano.
É verdade que Pancho tinha, em 1974, jurado nunca mais voltar a Moçambique, depois de ter sido forçado a deixar o País com apenas 20 quilogramas de bens em mão, durante a operação 24/20. Mas essas feridas eventualmente sararam e regressou por duas vezes a Moçambique, uma das quais em Março de 2010, como parte da comitiva do então chefe do Governo português, José Socrates, em visita a Moçambique.
No final, ficaram como sugestões de linha de acção as seguintes:
- Interceder junto do Município de Maputo de modo a conseguir um memorando de entendimento com vista a preservação cautelar das obras de Pancho Guedes enquanto não exista um instrumento legal que as proteja todas;
- Sensibilizar as grandes instituições públicas e privadas para que valorizem e contribuam activamente na protecção das obras de Pancho Guedes, e outras de igual interesse arquitectónico;
- Incentivar o Município a tirar partido do potencial de turismo económico nas obras de Pancho Guedes (como forma de impulsionar a sua valorização e preservação), seguindo o exemplo de iniciativas privadas de visitas guiadas como a do “Maputo a Pé”, de Jane Flood.
É verdade que Pancho tinha, em 1974, jurado nunca mais voltar a Moçambique, depois de ter sido forçado a deixar o País com apenas 20 quilogramas de bens em mão, durante a operação 24/20. Mas essas feridas eventualmente sararam e regressou por duas vezes a Moçambique, uma das quais em Março de 2010, como parte da comitiva do então chefe do Governo português, José Socrates, em visita a Moçambique.
No final, ficaram como sugestões de linha de acção as seguintes:
- Interceder junto do Município de Maputo de modo a conseguir um memorando de entendimento com vista a preservação cautelar das obras de Pancho Guedes enquanto não exista um instrumento legal que as proteja todas;
- Sensibilizar as grandes instituições públicas e privadas para que valorizem e contribuam activamente na protecção das obras de Pancho Guedes, e outras de igual interesse arquitectónico;
- Incentivar o Município a tirar partido do potencial de turismo económico nas obras de Pancho Guedes (como forma de impulsionar a sua valorização e preservação), seguindo o exemplo de iniciativas privadas de visitas guiadas como a do “Maputo a Pé”, de Jane Flood.